Alexandre Marochi de Castro
O estetoscópio é uma ferramenta que na maioria das vezes identifica a profissão médica. Um instrumento que apesar dos avanços diagnósticos e tecnológicos de biomarcadores moleculares, exames de imagem… permanece como uma referência clínica e semiológica muito importante. Além disso, o “esteto”, como é carinhosamente chamado pelos profissionais, é uma forma de se aproximar do paciente, pois ele já associa essa ferramenta ao exame físico, facilitando o toque no paciente, que é tão importante na prática médica.
Sua história inicia desde o tempo de Hipócrates (460 – 370 a.C.), em que os estudiosos da época usavam a escuta ativa (colocar a orelha na parte do organismo a ser auscultada) para ajudar na questão clínica. Depois disso, pode se destacar que no século XVI, XVII e XVIII, houve o estudo e a determinação dos sons cardíacos, bem como os sons patológicos, isso exaltou a ausculta, como importante referência para o diagnóstico.
Mas foi só em 1816, que os ancestrais mais velhos do “esteto” atual começam a se desenvolver, quando René Théophile Hyacithe Laënnec, que não gostava muito do método de ausculta direta, pois era constrangedor para o médico e para o paciente, não conseguiu auscultar de forma direta uma paciente obesa, então tentou aplicar um fenômeno físico para melhorar a ausculta e deu certo, enrolou folhas de papel, pois o som aumenta a intensidade quando se transmite em alguns materiais sólidos e assim conseguiu auscultar com mais clareza os sons cardíacos. Com esse método Laënnec conseguiu aprimorar a ausculta dos sons cardíacos e classificar melhor as doenças cardiorrespiratórias.
Embora, como todas as inovações históricas, muitos no primeiro momento desacreditaram da capacidade do estetoscópio em Paris, apesar disso, estudantes da França, médicos da Inglaterra e os próprios discípulos de Laënnec, acreditaram nos seus estudos e descoberta, assim usaram e aprimoraram a ferramenta na prática clínica.
Ao longo dos anos o próprio Laënnec foi testando materiais que melhorassem a ausculta: madeira, marfim…, também foi mudando o nome do instrumento, até chegar em estetoscópio que do grego significa examinar o peito. O primeiro “esteto” tinha forma cilíndrica, depois foi evoluindo para uma forma de trombeta, estetoscópios flexíveis, estetoscópios flexíveis na forma de madeira… Em 1851, foi inventado os estetoscópios biauriculares pelo Dr. George Philip Camman, que facilitou o ajuste na orelha dos médicos, facilitando a ausculta.
A evolução continuou e em 1961, o Dr. David Littman, que era um cardiologista estadunidense renomado na área de eletrocardiografia, desenvolveu o estetoscópio com diafragma e campânula, que é o utilizado na prática médica atualmente. O médico cardiologista começou a vender sua inovação e anos depois foi comprado pela empresa 3M, que hoje é uma das maiores empresas nesse segmento e que mantém o nome do médico cardiologista em sua marca.
A tecnologia também está cada vez mais aprimorando os estetoscópios, com materiais que reduzam os ruídos e melhorem a ausculta, além dos aparelhos que amplificam o som, como se fossem uma caixa de som, e os dispositivos que facilitam a gravação dos sons cardíacos, abdominais, respiratórios no celular, facilitando o compartilhamento dos achados semiológicos entre os profissionais a distância.
REFERÊNCIAS:
FERRAZ, Alberto Pereira et al. A história do estetoscópio e da ausculta
cardíaca. Revista Médica de Minas Gerais, v. 21, n. 4, p. 479-486, 2011.
Site: https://www.littmann.com.br/3M/pt_BR/estetoscopios-littmann-br/instituto-
educacional/hist%C3%B3ria/