A história do esfigmomanômetro

Bruno Pugsley da Costa

O esfigmomanômetro é um instrumento médico utilizado para medir a pressão arterial. A origem do termo remonta das palavras gregas “esphygmos”, que quer dizer pulso e “manometer”, significando dispositivo de medição. Antes de seu surgimento, os médicos usavam métodos como o “palpation method” (método de palpação) para estimar a pressão arterial, pressionando a artéria radial e avaliando, através do tato, a força do pulso. A história desse indispensável instrumento toma suas raízes nos idos dos séculos XVIII-XIX, quando se começou a reconhecer a importância de monitorar a pressão sanguínea para diagnosticar e tratar doenças cardiovasculares.

O desejo por aferições mais precisas e fidedignas de parâmetros vitais e internos do organismo já desde cedo perpassava pelos constituintes da academia médica do famoso “Século das Luzes” (XVIII). Em 1733, o médico inglês Stephen Hales foi um dos primeiros a medir a pressão arterial de forma indireta, utilizando tubos de vidro conectados a uma artéria e um manômetro de mercúrio. Apesar de essa abordagem ser invasiva e impraticável para uso clínico regular, marcava-se como uma primeira tentativa instrumental rumo à exatidão da aferição pressórica.

Foi somente em 1896 que o médico italiano Scipione Riva-Rocci desenvolveu o primeiro esfigmomanômetro prático, que se tornou amplamente utilizado. Seu aparelho consistia em um manguito inflável preso ao braço do paciente e um manômetro para medir a pressão. O manguito era insuflado até bloquear o fluxo sanguíneo e, em seguida, gradualmente desinflado enquanto a pressão arterial era monitorada e registrada.

Menos de 10 anos depois, em 1905, o médico austríaco Karl von Vaquez aprimorou a criação de Riva-Rocci, adicionando um estetoscópio para ouvir os sons do pulso arterial durante a medição da pressão. Essa inovação não só permitiu a identificação precisa dos valores de pressão sistólica e diastólica; como também foi a gênese para que, no mesmo ano, o médico russo Nikolai Korotkoff categorizasse e tabelasse os estímulos sonoros percebidos, facilitando a compreensão da avaliação em questão; e consagrando os renomados “sons de Korotkoff”.

Desde então, os esfigmomanômetros evoluíram significativamente em termos de precisão e praticidade. O uso de materiais como o nylon e a borracha substituiu o manguito de tecido original, tornando o processo de medição mais confortável e eficiente. Além disso, o desenvolvimento de aparelhos eletrônicos e digitais automatizou o processo de medição, eliminando a necessidade de auscultação e simplificando o procedimento.

O esfigmomanômetro é considerado um dos dispositivos médicos mais importantes e amplamente utilizados na prática clínica. A medição precisa da pressão arterial desempenha um papel fundamental no diagnóstico, tratamento e monitoramento de condições como hipertensão, doenças cardíacas e acidentes vasculares. Em resumo, trata-se de um dispositivo que passou por um longo processo de evolução, desde os experimentos iniciais de Stephen Hales até as versões modernas automatizadas do século XXI. Foram anos de progresso e aprimoramento, mentes brilhantes por trás de sua criação e constantes melhorias. Sua contribuição para a prática médica é inestimável, fornecendo informações vitais sobre a saúde cardiovascular e ajudando a salvar inúmeras vidas ao redor do mundo.

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